terça-feira, 12 de agosto de 2014

Pagar CARO para comer BEM! Por que não?


Fonte:www.nestlé.com.br

Ontem paguei exatamente R$8,20 por um pedaço de 120g de torta alemã de uma confeitaria delícia no Sudoeste. Caro? Não... não paga o prazer que senti em degustá-la. Voltaria todos os dias para comer. Baseado nisso, escrevi um texto interessante para quem é amante do “BBB” (Bom, bonito e barato). Não me odeiem, mas também não reclame do leite derramado quando o bolo tão sonhado chegar quebrado ou os beijinhos azedos...


E aí que a mãe que passou o ano inteiro planejando a festa tão sonhada do filhote, ou a noiva que economizou dois anos para investir na decoração do casamento, acabam deixando os comes e bebes para última hora e ainda pechincham um bom preço para fechar a tempo.

Não que seja errado garimpar por preços mais baixos e produtos de qualidade. Mas no ramo da confeitaria tem surgido cada vez mais supostos “profissionais” oferecendo produtos “BBB” – bom, bonito(??) e barato – para barganhar clientes e no fim da história, a decepção: produto azedo, não tinha nada ver com a foto e pior: foi servido aos convidados.

Ou você acha que as 100 pessoas que foram à sua festa estavam lá para admirar os $$$ de reais gastos na decoração do salão? No vestido? No terno importado da Itália do noivo? Tudo bem, 30% fazem isso, são os familiares e pais dos noivos ou tios do aniversariante. Só que 70% (o restante e os penetras que foram para comer e beber de graça), vão se queixar, e muito, se o que foi servido estiver ruim. E mais: não vão nem se quer lembrar da cor das flores do arranjo que enfeitavam as mesas, mas deixarão claro sobre o doce derretido na mesa principal ou do bolo seco sem recheio e, obviamente, terminarão a noite no fast food mais próximo.

A produção de um doce artesanal leva tempo e planejamento. Atrás do valor cobrado, que para muitos é um absurdo, existe um profissional gabaritado e que dedica seu tempo na elaboração de projeto dos doces e bolos, em cursos de aperfeiçoamento, compra de materiais de boa qualidade e paixão pelo que faz. Não é só “estar gostoso”, é realizar sonhos utilizando o açúcar e chocolate como arte. É mostrar beleza e agradar aos olhos antes de comer. E só quem entende isso são pessoas que sabem apreciar um bom produto e que possuem paladar apurado e bom gosto. Não existe um barato bom e bonito para quem é amante da confeitaria artística.

Assim como o artesão demora horas para criar sua peça e o pintor seu quadro, somos nós, confeiteiras artísticas, designers de doces com nossas criações únicas e personalizadas.
Existe público para todas. Mas ter sua festa marcada por um desastre culinário é o fim! E atenção doceiras! Não deixem colocar preços em seus produtos! É caro porque é bom! Quer mais “em conta”? Compra na padaria da esquina ou daquela amiga da prima quebra galho, que cobra R$20,00 no kg do bolo com pasta americana. (É óbvio que paga para trabalhar).

Não se sintam ofendidos com meu texto, pois é a mais pura realidade. Hoje nós temos culinaristas conceituadíssimos no mercado cobrando caro pelo seu trabalho. E a agenda? Lotada até fim do ano, muito bem e obrigada. Eles podem, pois um dia começaram do zero, estudaram, venceram e hoje suas obras de arte são admiradas por pessoas de bom gosto e pagantes, claro! Ou será que Chef Gordon Hamsay é famoso pelos lindos olhos azuis?

Ah sim! Não adianta nada você encomendar aquelas coisinhas que chamaram de doce fino e dizer que são da Fulana, a melhor doceira da cidade, tá? Que feio!

Economize para investir na comida e bebida que serão servidos. Não se prenda aos buffets oferecidos pelas casas de festas pois você não é obrigado a pagar pelo serviço. Isso se chama venda casada e é proibido pela Lei do Consumidor. Gaste um pouco mais do seu tempo, e dinheiro também, em comida, doces, bolo, vinho e BONS de verdade. Ou pense duas vezes antes de me convidar para sua festa... haha!

Beijos agridoces.
Barbara Bittencourt
(Designer de doces e bolos artísticos, proprietária da empresa Pedacinho Agridoce)